IN DIALOGUE WITH MARTA ARAÚJO
“In Dialogue with Marta Araújo” is a collaboration that started from a conversation about the female body, displacement, memories, space, shifts in society, and the pandemic. The pieces (“clothes”) are composed of fabrics that in rounded shapes allows the person to enter and move around creating its own narrative and trajectory. While this body is free, it is trapped – a feeling that we all had to get used to.
Though this project I was able to connected with two of the most talented artists I have had the pleasure to work with during a time when the world was shut down, Julia Brandão & Suzie Rzecznik.
Marta Araújo is a Brazilian sculptor and performance artist who influenced us in the search and exploration of the body as a powerful representation of its limitations and freedom.
Art Direction / Concept & Photography: Anita Goes
Concept of Textile Art : Julia Brandão
Interpretation : Suzie Rzecznik
“In Dialogue with Marta Araújo”
Gelatin Silver print
2020
Névoa
névoa
substantivo feminino
1.
METEOROLOGIA
vapor atmosférico menos denso que a cerração; neblina, nevoeiro.
2.
POR EXTENSÃO
falta de visibilidade, de transparência.
Desde pequena me pego fascinada pela névoa. Esta nos acompanhava nas viagens de carro por Minas Gerais afora quando seguíamos pra visitar a família de meu pai.
A troca de paisagem era um alívio aos ouvidos. Saíamos das grandes rodovias, onde dividíamos espaços com caminhões e aquele mar de carros, e entrávamos em pequenas estradas, cheias de curvas que se desdobram entre montanhas e o céu com nuvens perfeitas, quase desenhadas à mão.
Era Janeiro. Mês das férias. Mês das chuvas. A água trazia o cheiro da grama molhada, da terra vermelha. A Serra da Mantiqueira, trazia a névoa. Vapor atmosférico menos denso que a cerração. Naquele momento, era um mundo só meu. Uma mistura de frio na barriga por não conseguir enxergar um palmo a minha frente, a ansiedade do futuro incerto. O aconchego do olhar de minha mãe, olhos azuis que refletem o entorno.
Alguns anos depois, descobri a névoa da costa praiana. Mesmo sentimento, outro cheiro. A incerteza depois da curva, reflete no silêncio entre os viajantes que atentos, tentam discernir as linhas do horizonte. Ao chegar no destino, o oceano. Ao amanhecer, a névoa. Ao entardecer, renovadas esperanças.
E no último ano todos nós descobrimos um tipo diferente de névoa. Uma névoa mental, onde o amanhã se tornou mais incerto que as curvas da Serra da Mantiqueira ou da costa praiana. Naquele momento, era um mundo só meu. Mas não como antigamente, agora a muita distância, não tenho o conforto do olhar de minha mãe. Por extensão, falta de visibilidade.
A série apresentada para essa convocatória são registros do último ano em que vi meus pais antes da pandemia. Era Fevereiro de 2019 e fui visitá-los em Gonçalves, pequena cidade em Minas Gerais onde agora residem. Nas andança matinais com o meu pai, carrego a Hasselblad e vou fotografando as memórias de menina. As estradas de terra. As araucárias. O vale. A névoa.
Em Setembro fui a Maine, nos Estados Unidos, onde casei. Ao amanhecer, lá estava ela a varrer o mar. Vapor atmosférico menos denso que a cerração.
Névoa
Gelatin Silver print
2020
D-04179 LEIPZIG
D-04179 Leipzig
Within the past years the city of Leipzig has become a large scale urban project, continuously developing with the rapid movement of commercial and residential construction. The process of change is in the nature of cities, and identifying the true depth of these locations is often challenging. Considering this known scenario it is still possible to define the bigger perspective through studying specific locations within these evolving landscapes.
D-04179 Leipzig is a series of photographs documenting a combination of streets and buildings in a former working – class area, located on the West side of the city and where I attended an Art Residency for four months. In this place, it seemed like time has just stopped. Arriving newly from New York City, and now wandering through the empty streets in this unknown small town – I felt alone. The similarity of the buildings made me unsure if I was going the right way. I decided to map the region by photographing every block surrounding the residency up until the main road to the train.
D-04179 Leipzig
Gelatin Silver print
2018
Kadosh
Kadosh derives from the Hebrew, it translates: HOLY, meaning: separated, separation of natures, of common, impure things.
As a child, one of my favorite activities with my grandfather was to explore the cemetery near where we lived. Back then I have never noticed a wall where the bones are stored, these cemented squares of identical proportions adorned with objects and photographs of the deceased ones. Several saints without heads, thirds, umbanda guides and other objects accumulated in a true assemblage. It is an immobilized reality, projected by a perpetual movement of the emotions, an internal search inside and outside the object.
Researching the torments of humanity, I turned to Francisco Goya, who between 1810 and 1820 created a series of prints called The Disasters of War. Plate 39 caught my attention: mutilated human figures advocate images of the saints captured by my camera, as a form of sacrifice and exorcism of demons we kept inside of us.
For now, Kadosh is a series of nine digital images manipulated to the blue color.
Kadosh
Inkjet print
2014
